A inveja é tão patética, tão ridícula e tão
insustentável que sua irrelevância a tornou quase importante, brindou-lhe um
pseudo status de significância, temporária importância. No entanto, apesar de
ser efêmera e diminuta, ela tem certa delicadeza e sutileza no trato que a disfarça
numa figura interessante. E, quando em suas vestes teatrais, ela utiliza toda a
sua charmosa fantasia para seduzir mentes inseguras, almas medrosas e corações
acanhados. Então, quando se apodera destes frágeis indivíduos, ela se
transforma, revela suas garras, cospe suas calúnias e constrói um desgraçado e
destrutivo caminho por onde passa. Sendo assim, é meritório saber que sua
vivência possui estágios. No início ela é uma inócua larva que perambula sem
destino, mas, quando a sorte lhe bate à porta e ela avista algum ânimo
inseguro, se ajunta ao indíviduo e começa sua fase comensal, onde obtém
nutrientes suficientes para desenvolver-se com vigor e astúcia. Depois, quando
já está forte e segura, transformasse num parasita e, paulatinamente, começa a
minguar as volições do seu hospedeiro enquanto planta daninhas sementes na
cognição do mesmo. Mais tarde, quando ela já dominou toda a essência do
obsequiador, ocorre sua tão planejada transmutação, o pináculo de sua
existência, a sua razão de viver. Ela vira um monstro. Uma figura desnaturada,
cruel e horrenda que utiliza de toda a sua sabedoria para combater algum
desafortunado alvo que existe no ambiente do seu acolhedor. Enquanto isto, este
fraco, ignóbil e dependente indivíduo, torna-se um mero fantoche, um títere
vivendo à mercê de sua tirânica possessora. No entanto, é imperativo entender
que ela não é fiel, ou seja, quando se satisfaz, ela parte, vai embora sem
mesmo dizer um adeus e, no seu vácuo, deixe um indesejável rastro de rancor, de
dores e de pesares no ambiente onde passou e, no coração de seu hospedeiro,
deixa remorso, arrependimento e frustração. A inveja é indiscutivelmente fraca,
mas os que a permitirem entrada, serão cúmplices na geração de um indecoroso,
infiel e insensível monstro. (Tadany – 02 06 11)
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